1 - Pastores que estão em transição no ministério, deixam de serem pastores?
2 - O que faz com que pastores outrora muito abençoados
em suas igrejas, sejam esquecidos nos bancos das igrejas e que se encontram
ávidos para o trabalho, pregar, ensinar, serem usados como servos, mas são barrados
pelos líderes da mesma?
Sei
que esse é um assunto muito controverso, pois existem pastores que realmente
não se importam e que talvez já tenham abandonado o chamado ou que talvez não
tivessem tanta certeza do chamado divino e por isso preferem ficar no banco
mesmo.
Mas,
estou me referindo àqueles que são ignorados por algum outro motivo, talvez político, medo do líder local
ser comparado e talvez perder a liderança, enfim, coisas do diabo mesmo.
Infelizmente
muitos passam por isso, se sentem abandonados, não há reconhecimento e ate
mesmo esquecidos, sendo que podem muito ainda realizar na obra do Senhor. Temos
que lembrar que o verdadeiro discípulo, servo, é aquele chamado por Deus para
uma obra e não cabe a igreja ignorá-lo ao ponto de impedi-lo de exercer seu
chamado.
Com
isso pode vir o desanimo, a vontade de abandonar tudo, mesmo com o coração
ferido e sabendo que pode ser o fim do seu ministério, o pastor deve encontrar
forças em Deus e esquecer-se dos homens que tentam fechar seus púlpitos para
colegas que passam por momentos difíceis e que precisam de apoio para serem reintegrados ao pastorado.
Conheço
muitos colegas nessa condição, na realidade eu me encontro nessa condição
transitória, agradeço a Deus pelas igrejas que estão me dando oportunidade de
pregar, cantar e ser usado me dando assim animo para continuar.
Mas
qualquer um pode sentir-se desanimado no exercício de sua profissão. Vários
fatores podem gerar a desmotivação e provocar questionamentos quanto à
continuidade ou não do exercício da ocupação escolhida. Baixa produtividade,
remuneração inadequada, condições de trabalho impróprias, insatisfação com
colegas são alguns fatores que poderiam ser nomeados, entre outros tantos.
Como
quaisquer outros trabalhadores, pastores também podem sofrer esse tipo de
problema e, às vezes, sentirem-se desmotivados a continuar exercendo o ofício
que escolheram ou, em se tratando de pastores de verdade, para o qual foram
escolhidos, pois creio que pastorear é uma vocação, não uma profissão. É
chamado divino e não mera escolha pessoal.
O
ministério pastoral, à semelhança de quaisquer outras atividades, tem seus
desafios, alegrias e dificuldades próprias. Acredite, não é fácil ser pastor.
Acho que nunca foi. O pastor lida com questões que fogem à mera capacidade
técnica de solução. O pastor lida com pessoas, e pessoas têm crises, têm
dificuldades, têm dramas e problemas que não se resolvem com um comprimido, ou
um chá, e, às vezes, não se resolvem nem mesmo com uma palavra ou um conselho.
Há situações que as pessoas enfrentam que exigem um esforço descomunal do
pastor e, muitas dessas situações, nunca serão solucionadas por ele, por mais
que se esforce.
O
pastor lida com desafios eclesiásticos imensos. São exigências e cobranças,
muitas delas desproporcionais ao seu chamado e capacitação. Em muitas igrejas o
pastor precisa ocupar diversas funções para as quais ele não tem nem vocação,
nem habilidade, nem tempo para fazer. Há pastores se desgastando tentando ser e
fazer o que não são e nem têm obrigação ou aptidão para realizar, mas precisam
produzir, demonstrar capacidade, alcançar resultados.
Em
certas igrejas o pastor abre e fecha a igreja, limpa o templo, conserta a parte
elétrica, prepara a santa ceia, prega, toca, canta, e ainda precisa arrumar
tempo para ser psicólogo, advogado, administrador, juiz de paz, motorista
particular e o que mais o povo achar que o pastor sabe fazer. E muitos pastores
ainda precisam conviver com igrejas complicadas, com membros preguiçosos,
encrenqueiros, rebeldes que, mesmo tendo sugado o máximo do pastor por anos a
fio, sentem-se no direito de mudar de igreja a qualquer momento sob a desculpa
de não terem sido assistidos a contento.
Estas
e outras situações, muitas vezes, provocam um desgaste imenso e o pastor fica à
beira do perigoso precipício da depressão, do esgotamento emocional e
espiritual. É aí que muitos pastores se tornam desmotivados no ministério.
Há
pastores desmotivados no ministério por não conseguirem realizar o seu
verdadeiro chamado. São servos de Deus que sabem para que o Senhor os
vocacionou, mas a correria e as muitas exigências absurdas da igreja não lhes
permitem ser o que Deus quer que eles sejam, nem fazer o que Deus os chamou
para fazer. Há outros que estão desmotivados por falta de ajuda e apoio da
liderança, dos membros ou da denominação. Há os que estão desmotivados por não
terem apoio da esposa e dos filhos. Outros estão desmotivados por não serem
amados devidamente ou respeitados dignamente. Há pastores desmotivados no
ministério por se decepcionarem com colegas que, ao invés de serem
companheiros, tornam-se adversários e concorrentes desleais.
O
grande problema é que pastores desmotivados desmotivam a igreja. Pastores
desmotivados no ministério tornam-se, muitas vezes, cruéis com as ovelhas, pois
descarregam nelas sua frustração e desânimo. Pastores desmotivados correm ainda
o risco de tentar resolver sua frustração lançando mão de meios inadequados e
questionáveis para resgatar o prazer de pastorear. Pastores desmotivados no
ministério podem se tornar perigosos instrumentos nas mãos do inimigo para
escandalizar o povo de Deus.
Eu
creio que qualquer pastor pode sentir-se desmotivado em algum momento da sua
vida ministerial. Mas o pastor não pode entregar-se ao desânimo e continuar
insistindo no pastoreio sem achar-se devidamente condicionados a isto.
Pastores
desmotivados precisam urgentemente de ajuda. Precisam confessar sua
desmotivação humildemente ao Senhor pedindo seu auxílio. Precisam compartilhar
com colegas sua situação a fim de dividir a carga e pedir apoio. Precisam
honestamente compartilhar a situação com sua família em busca de
fortalecimento. Precisam se abrir com a liderança da sua denominação a fim de
encontrar uma saída para as crises. Precisam, ainda, se for o caso,
compartilhar com suas ovelhas a situação que enfrentam para achar alternativas
viáveis para o resgate da alegria ministerial.
Entretanto,
se o pastor descobrir que a sua desmotivação se dá em função de não ter certeza
da vocação para o ministério, melhor será que ele deixe o ministério e procure
o seu verdadeiro chamado. Pior do que ser um pastor desmotivado é ser um falso
pastor.
Infelizmente
muitos não estão preparados para serem pastores e estão tirando a oportunidade
de muitos que são verdadeiramente vocacionados. Existe ai o mercantilismo,
interesses pessoais de projeção pessoal, política, egocentrismo onde o ser e
poder se tornam maior do que a humildade em servir a Deus e a sua igreja.